O romance, visceral nos temas e, muitas vezes, na prosódia, se constrói em torno de um protagonista condenável, cuja existência se afirma pela régua da opressão. Mas se os homens monstruosos aterrorizam, é porque não cabem em estampas; são intrincados e, inevitavelmente, estão atravessados pela própria história. A “branquitude tóxica”, como aponta Paula Sperb na orelha do livro, tem camadas e, na vida e na ficção, não há reflexão autêntica que não revolva a complexidade e a verossimilhança dos donos da violência.